O que é de facto a beleza?Será a beleza algo universal, ou apenas universalmente subjectivo???
Escravizamo-la ou somos por ela escravizados? Eis algumas perguntas sobre as quais tentarei lançar mais lenha na fogueira, expondo mais umas opiniões...
Somos todos influenciados pela beleza, quer pela que vemos, ouvimos, sentimos, quer por aquela que produzimos, por palavras, actos, por tudo. É, em quase tudo, possível de se descobrir beleza, basta estar atento. Mas o que faz algo belo?

A forma como percebemos o mundo pode fazer toda a diferença. Sendo optimista, vendo o mundo pela positiva, é possível encontrar beleza por todo o lado, seja no padrão de gotas que escorre pela janela num dia de chuva, num homem numa mulher (sendo do mesmo sexo), numa peça de teatro... nem o mundo é o limite!... Consegue-se ver beleza por todo o lado e em muitas situações. No entanto quem vê "copos meio-vazios" nem sempre reparam nos pequenos promenores de beleza nas coisas mais corriqueiras. E ainda assim não comecei a opinar relativamente ao proposto, por isso, avancemos!

Quanto a mim, alguém é belo (e falemos num plano puramente visual, esqueçamos a beleza interior e figados e rins e tudo!) quando é harmonioso. Estas imagens que aqui estão, (do topo para o fim: Eva Herzigova, Takeshi Kaneshiro, Helena Christensen, Zhang Zyi
in "Memoirs of a Geisha", Reinaldo Gianecchinni) representam ícons de beleza para mim. Porquê? Simplesmente porque as pessoas são belas, (pelo menos para mim), têm rostos e corpos harmoniosos, sensuais, ou bem trabalhados, ou pelo sorriso, enfim, estão aqui porque gosto das imagens! É possível estabelecer um padrão, no que me diz respeito: rostos tendencialmente simétricos, com maxilares angulosos e preferencialmente de olhos claros. Mas porque é que a beleza não é exclusivamente universal? Porquê a subjectividade da beleza? Porque é que uma pessoa que eu ache bonita pode muito bem ser alguem completamente indiferente a outrém? Seremos assim tão diferentes? Não creio... Mas nós somos diferentes. Se por um lado procuramos, como os outros animais, o conjunto de genes que consiga completar o nosso próprio conjunto de genes, de modo a garantirmos à nossa prole maiores possibilidades de propagar os nossos genes em gerações futuras, (daí acharmos A ou B mais ou menos interessantes), por outro lado temos alguns milhares de anos de evolução de algo que nos diferencia dos restantes animais: um
cérebro que nos permite criar e apreciar arte, pelo simples prazer de ter/haver/gostar de arte. Se bem que uma ave-do-paraíso possa ser considerada uma obra prima da natureza, e bela, poderá ela criar arte, com outro fim que não seja seduzir uma parceira? Não creio! Mas só o facto de existir já a torna quase uma obra de arte. Quase...

Mas respondendo à minha primeira questão, há de facto coisas que são tidas como universalmente belas: o pôr e o nascer do sol, a lua reflectida no mar, numa noite cálida de verão, os nossos filhos (para quem os tem). No entanto, o filho do nosso melhor amigo, que para os seus progenitores é lindo, para nós pode ser simplesmente comum. Isto quer dizer que a beleza é, e não é, universal. Como? Simplesmente porque o modo como percebemos o mundo varia... Lembram-se da diferença que falei acima entre optimistas e não tão optimistas? Não é só isso... há mais factores. As pessoas podem ser mais ou menos sensíveis à beleza, quer seja física, quer sejam quadros, peças de teatro, bailados, tanta coisa...
Talvez a melhor definição de Beleza seja mesmo algo que é universal, porém subjectivo, pois conforme o grau de sensibilidade, varia.

Agora a pergunta que vai mover neurónios por aí é se de facto somos escrevizados pela beleza, ou se somos nós que a escravizamos, ui-ui... preparem-se! Se por um lado vivemos num mundo regido pela imagem, poder-se-ia dizer que a Beleza escraviza-nos. Vivemos num mundo em que as capas das revistas, as publicidades, os filmes, as novelas, TUDO, nos vende a ideia da imagem do corpo trabalhado, quase perfeito, como ideal de beleza; o que faz com que muita gente frequente ginásios (pelo culto narcisista do corpo, para parecer bem, para se tornar atraente, para se sentir belo), faça cirurgias plásticas para aumentar, diminuir, corrigir tudo o que não está de acordo com os padrões de beleza vigentes na sociedade, pois só se estivermos na crista da onda em termos de beleza física poderemos atingir o sucesso reprodutivo. O que me leva a outra questão: se fosse só por isto, o que leva homossexuais, masculinos e femininos (indiscriminadamente), a terem dos corpos mais esculpidos, mais cuidados, se não é o sucesso reprodutivo o motor? E é com perguntas destas que a porca torce o rabo!!!! Apesar de ter suscitado a pergunta, não creio sentir-me preparado para vos deixar com uma explicação que possa parecer possível, por isso passemos adiante.
Ponto assente - pelo menos em parte, somos de facto escravizados pela beleza.
MAS... TAMBÉM A ESCRAVIZAMOS!!!! "ahhhh" dirão uns, mas a verdade é que somos nós, espécie humana, que escravizamos a beleza! Ao longo do tempo os padrões de beleza, humana pelo menos, foram-se alterando. Começamos como Primatas que se tornaram bípedes e que mais tarde mudaram o modo de copular!
Quem me conhece sabe que de algum modo tinha de meter o SEXO ao barulho... Mas a verdade é que foi o sexo que nos modelou para sermos os indivíduos que somos nos dias de hoje. Como??? Pensemos todos juntos, vá, não custa... na natureza, nos tempos primordiais, os primeiros hominídeos copulavam como todos os animais ("doggy-like"). Hoje fazêmo-lo face-a-face. Já pensaram nas implicações que isso teve??? Lembrem-se que os nossos antepassados eram muito "macaco-like"... dificilmente poderiam ser considerados, hoje, como belos. Com a mudança da cópula para a frente tivemos de encarar o/a nosso/a parceiro/a de frente enquanto o estamos a fazer... Ninguém o faria de bom grado se à sua frente tivesse outra pessoa que fosse (fisicamente) feia de doer! Com a passagem da zona genital feminina para a frente, tivemos de melhorar a aparência de modo a poder conseguir... espalhar os nossos genes. Assim, começamos a ficar mais bonitos (para os padrões actuais). E de facto há alguns que conseguiram ir mais além, sendo belos trans-culturalmente, ou seja, são belos quer pelos padrões da sociedade em que vivem, bem como em todas as outras. Há muitas mais coisas que poderiam ser ditas aqui quer em defesa das ideias apontadas, quer contra, ou mesmo até expandindo-as, explorando-as. Mas isso fica para um próximo post, depois dos comentários. Até lá pensem BELO ;)